O sol se esvaía em raios pouco luminosos, porém ainda
vivos o bastante para refletir sua face recostada na abandonada parada do velho
metrô. Era um sujeito peculiar, encontrava-se em estado de pura embriaguez
emocional, distante em seus pensamentos, segurava entre os dedos um cigarro que
se apagava lentamente sem que fosse usufruído. Os transeuntes eram efêmeros e
nem o percebiam. Mas ele estava ali, paralisado, desprovido de qualquer ação
notória. Seu cigarro chegara ao fim sem que ele o aproximasse dos lábios, seus
olhos miravam o plácido horizonte onde as nuvens moviam-se num piscar de olhos.
Assemelhava-se a uma escultura viva, e os ponteiros do relógio percorriam sua
rota enquanto as velhas tricotavam no banco ao lado. Um barulho insuportável a
qualquer ouvido sensível o trouxera a realidade, uma lágrima molhou a fétida
calçada como uma chuva instantânea e forte o suficiente para lavar a alma suja
de qualquer cidadão em estado de decomposição ainda em vida. Um jovem
encontrava-se caído nos trilhos, lavado de sangue, levantando sua mão gritou:
“salve-me”, todavia, aquela excessiva
quantidade de cédulas de identidade que por ali passavam o observaram
com certo descaso percebido a cada olhar em direção ao jovem e seguiam em
frente sem olhar para trás. Em seguida o jovem caiu e ali ficou, os passageiros
seguiam seus cursos projetados e o homem saiu caminhando rumo ao nada.
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