sábado, 8 de outubro de 2016

O comprador de almas

A casa era demasiadamente grande, espaçosa, comportava muitas almas, no entanto, a jovem vivia só. Compartilhava o espaço apenas consigo própria, um dia, uma colega de trabalho a despertara para a divisão espacial e a jovem fora para o lar pensando no que havia lhe sido dito.
Na semana seguinte colocara um anúncio divulgando quartos para locação individual. Passados alguns dias, apareceu o primeiro possível futuro inquilino, um jovem com dons culinários aguçados, a moça posteriormente a entrevista locou um dos quartos para o jovem cozinheiro. A convivência parecia agradável, cozinhavam juntos e desfrutavam harmonicamente do mesmo espaço. Passado mais um tempo surgiu um novo hóspede, misterioso, de poucas palavras, mas educado. Este fora o segundo inquilino da velha e grande casa.
Depois de um período, os três convivendo e habitando o mesmo espaço, em uma noite, a moça encontrava-se ainda no trabalho quando recebera um misterioso telefonema, alegando que um dos moradores da casa havia sido encontrado morto enquanto preparava o jantar. Deslocou-se para o lar o mais rápido que pôde. Chegando lá, encontrou o cozinheiro ao chão e, enigmaticamente desprovido de vida.
O cadáver fora removido ao IML, e a vida seguia. Nada mais se soube a respeito do morto. O segundo morador havia desaparecido. Pensara a moça, que talvez tivesse ocorrido um assalto, onde um dos moradores fora brutalmente agredido e morto, o outro, poderia estar fora de casa e, permanecendo distante, não saberia do ocorrido.
Alguns dias depois o misterioso morador aparecera à casa, fora surpreendido pela moça arrumando suas malas e alegou que partiria em seguida, a jovem insistiu em saber o repentino motivo da viagem, ele irritado a arremessou para longe, caída sob um canto da casa, e machucada a jovem retornou a questionar o porquê de sua agressividade, foi quando o homem lançou-lhe um feitiço, o qual a jovem de apenas 20 anos, envelheceria 10 anos a cada dia que se passasse, e partira.
Desmaiada e sem forças, a jovem, já não tão jovem assim, acordara na manhã seguinte e para sua terrível surpresa, quando olhara para o espelho não reconhecia a si própria. Havia já, envelhecido 10 anos. Desesperada, saíra do banheiro em direção a sala, foi quando encontrou um homem até então nunca visto por ela em parte alguma da cidade, dizendo que procurava por um bruxo satânico. Inicialmente, atormentada pelos acontecimentos, a moça chamou a polícia que não demorou muito a aparecer.
O homem se escondera no sótão da velha casa, sendo assim, pareceu que a moça teve uma crise e criara uma situação confusa e inexistente em sua mente, os policiais revistaram a casa, não encontrando nada, foram embora. A jovem ficara desamparada e solitária na velha casa. Adormecera ao chão gélido do banheiro. Dormiu por horas, ao amanhecer, dolorida e com frio procurara a cama, repousou por horas, quando despertou, um homem vestido com peles de animais a alertara do perigo, disse que o homem que ali abrigara-se por alguns dias era um perigoso bruxo em busca de pergaminhos que unidos, despertariam o demônio, e que, quando todos os textos, estivessem unidos, satanás dominaria a terra, trazendo escuridão e dor a todos.
Parecia-lhe um terrível pesadelo, mas passados alguns minutos percebia que era tão real quanto o frio que a gelava a espinha.
As horas passavam rapidamente, seu tempo era limitado, tinha ela, duas saídas, morrer ou correr contra o tempo e encontrar o bruxo e desfazer o feitiço mortal contra si.
Escolhera a segunda opção e acompanhara o homem em busca do bruxo satânico.
Saíram da casa e foram em busca do malfeitor, no caminho encontraram corujas queimando, pássaros gigantes, unicórnios famintos por sangue, cães assassinos, derrotaram todos e seguiram. Rumo a cidade vizinha, encontraram uma ponte sob um grande rio caída, voaram até o fim da ponte e seguiram. Mais adiante uma alcateia os afrontara, mas conseguiram escapar dos lobos sanguinários e a jornada continuava.
Adormeceram e, em um piscar de olhos era dia, o sol iluminava sua face ainda mais velha, o terror invadia sua mente, morreria em poucos dias caso não encontrasse o bruxo que lançara em si o feitiço do tempo.
Os ponteiros do relógio pareciam estar acelerados e o pânico invadia-a.
Horas de viagem e, encontraram um antigo cemitério celta, desceram do carro, caminharam por todo o espaço mórbido e lá estava o bruxo, abrindo uma sepultura e lendo o terceiro e último pergaminho, quando percebera que havia sido encontrado, voou alto e deixou o pergaminho junto do cadáver. A moça leu o que estava escrito no velho documento e com isso tirara o poder de voar do bruxo, caindo ele sob o sepulcro.
Desmaiado e sem forças, a jovem lançara sob o bruxo fogo e ele queimara ali até transformar-se em pó. Horas depois, sua juventude fora devolvida, e, juntamente com o bruxo, os pergaminhos queimavam e o bem prevalecia na terra.