segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Sinfonia para Lucy

Em uma ardente noite de verão, Lucy estava sentada próximo da janela de seu quarto apreciando a lua. Era uma noite tórrida beirando os 50º C com um brilho esplêndido do luar que se fazia presente na noite para animar as almas mais pesadas que se encontrasse na terra, Lucy era uma dessas almas necessitadas do brilho da lua.  Lucy sentia desânimo, sentia tédio, sentia fome, não uma fome qualquer e sim uma fome de vida, coisa que em seu vilarejo não se era possível. E ainda mais com a alta temperatura, ela mal saia de seu quarto e nele vegetava, vivia com os olhos grudados na janela olhando o mundo, olhado as pessoas tomando sorvete e este derretendo pelos dedos, mãos e as vezes até mesmo o braço de quem o tomasse. Lucy pensava na graça que aqueles pobres transeuntes viam em perambular  e tomar sorvete naquele verão escaldante de temperaturas turbulentas, nem se quer isso podiam fazer direito. O tédio de Lucy era tanto que invadira seu lar e escorria pelas paredes, pela velha mobília e até mesmo onde Lucy repousava, em sua cama.
Em uma destas noites de lua fatidicamente bela Lucy sentiu um vento passar por debaixo da porta de seu quarto e adentrar. Pensou ser uma brisa, ou melhor, pensou que estivesse delirando, era impossível sentir a brisa com o ar quente e monótono, a noite não era de brisa, era noite de verão. Continuou olhando o mundo paralelo dividido pela janela de seu quarto, aquele onde as pessoas viviam, tomavam sorvete, passeavam e Lucy lá do alto apenas olhava, tudo na mesma, tudo do mesmo jeito de sempre.
Lucy sentiu um sopro quente próximo de sua face e pensou no desejo que tinha de que não houvesse mais verões, que não houvesse mais dias quentes, noites de fadiga, de insônia.  E de repente uma fumaça vindo do subsolo de seu quarto abafado começou surgir e transparecer em forma de um anjo obscuro e irresistivelmente sedutor. Lucy ficou intacta olhando aquela imagem se formando bem diante de seus olhos, vida que rastejava diante de si e não fora de seu quarto, não aquela vida medíocre apenas vista pela janela que fragmentava Lucy do restante do mundo. Era vida de verdade, que pulsava e queria mais.

E assim ele começou tocar uma linda sinfonia e lentamente Lucy foi ficando inconsciente até adormecer, e ele a levou consigo para todo o sempre, para longe dos verões, dos dias escaldantes e das noites de fadiga. Lucy evaporara feito molécula se dissipando do estado líquido para o gasoso e transcendeu infinitamente para terras inebriantemente geladas.

sábado, 4 de janeiro de 2014

A arte de viver só



Desde o surgimento do mundo, os seres que ocupavam este espaço viviam em grupos. Animais já extintos, homens primitivos, animais selvagens... Pouco se ouve falar em ermitões, os homens precisam uns dos outros, seja lá pelo trabalho em equipe, família, amigos, animais de estimação e outros amores. Nós, assim como os animais irracionais agimos também e não só com instintos, nos agrupamos ou por necessidade ou por comodismo e ou ainda por afinidades.
Em tempos modernos, como seriam estas turbulentas relações entre humanos? Será que vivemos feitos porcos-espinhos, mas mesmo assim nos unimos por algum bem maior. O que faz o homem necessitar de outros homens à sua volta? Por que há tanta dificuldade em viver só?
São raras as pessoas que se bastam, que se intitulam autossuficientes, embora a humanidade esteja farta com tanto sentimento maléfico ela ainda precisa dos demais. E a “second life” que para boa parte da população esta passando quase de segunda para a primeira vida? E no futuro como serão as relações humanas?
Há uma linha do tempo que para mim define bem o mundo a grosso modo: The Flinstones( o homem primitivo), The simpsons( o homem contemporâneo) e The jatsons( o homem do futuro). E num futuro não tão distante, o que virá?