sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Cuidado com o que planta, sua colheita pode ser o seu fim

Havia pouco tempo que ela ficara viúva, ainda jovem, contava entre 30 e 40 anos. O falecido passava dos 60, a morte fora repentina e a pegara de surpresa, coração. O homem andava pelo centro da cidade quando de repente caíra ao chão, as pessoas se aproximaram rapidamente, chamaram a ambulância, em seguida fora levado ao hospital, mas já sem vida. Ele deixara com a viúva uma filha de 6 anos de idade. Ora, que triste, assim ainda tão jovenzinha, sem ao menos entender o significado da morte perder alguém tão especial.
O funeral fora providenciado, e posteriormente a vida seguira. Ela não trabalhava, logo, tinha que de forma legal conseguir um modo de ficar com a pensão do marido, a modo de sustentar a si e a filha, visto que ela era a segunda mulher do falecido, e com a primeira ele tivera duas filhas.
Os tramites foram agilizados, ela permanecera na casa do casal, em um pequeno vilarejo ao sul da cidadezinha.
Os dias foram passando, os meses também e a vida seguia. Certa noite, em um bar da cidade, acompanhada de uma amiga, conhecera um homem, este se aproximara se pedira licença para sentar-se a mesa e acompanhar as damas. Pois, não haveria problema algum que o homem desconhecido se sentasse e bebesse juntamente com as amigas. Passava das 3 da madrugada, e no bar se encontravam apenas os 3, todos num estado total de embriaguez, o dono do estabelecimento se aproximara da mesa e pedira gentilmente que acertassem a conta e fossem embora, pois tinham que fechar, que já havia passado do horário, ainda tinham que limpar o bar e ir para casa descansar, e que todos os funcionários estavam exaustos.
E assim foi, o nobre cavalheiro se ofereceu para pagar a conta, entrou e acertou tudo enquanto elas o aguardavam na mesa.
Perguntou se estavam a pé ou de carros, responderam que a pé, ofereceu-lhes carona, elas aceitaram. Levou primeiramente Leonor, a amiga de Joana, em seguida deixara Joana em casa. A jovem viúva pediu que a deixasse a alguns quarteirões de casa, explicou que ficara viúva recentemente e não queria que a filha a visse com outro homem. Perfeitamente compreensível, disse ele, perguntando-lhe se podia lhe passar o número de telefone, Joana, pegou um papel e uma caneta na bolsa, anotou e entregou ao homem e se despedira com um abraço.
Ao chegar em casa, tentara não fazer barulho, para não acordar a criança que dormia, fora ao banheiro, colocara o pijama, fora lentamente até o quarto da menina, ela dormia pesadamente, então fora até seu quarto e adormecera.
Na manhã do domingo, acordaram tarde como de costume, tomaram o café da manhã juntas, alimentaram os coelhos que ficavam em uma grande gaiola nos fundos da casa, a mãe iniciara o almoço, e em seguida foram visitar a irmã de Joana que mesmo que ainda jovem, estava muito doente, em fase semi terminal.
Seguiram até´a casa de Margô, irmã de Joana, a enferma estava sentada em uma cadeira de balanço na frente de casa, com um eque a abanar a face, era um dia quente, não tinha muito vento, observava atentamente o céu, as nuvens e pensava na possibilidade de cair uma chuva e refrescar.
Estava tão distraída que não percebera a chegada de Joana e Clarice, a sobrinha.
As 3 passaram a tarde ali, a observar o tempo, os pássaros a voarem alto, as poucas pessoas que passavam na rua, era uma rua muito calma, e por ali poucas pessoas circulavam. Margô morava em uma pequena casa afastada do centro da cidade. Anoiteceu e Joana e Clarice se despediram de Margô e seguiram para casa.
Ao chegar em casa, alimentaram novamente os coelhos, tomaram banho, jantaram, assistiram alguma coisa juntas na televisão, e cada uma dirigira-se ao seu quarto.
Joana estava quase adormecendo quando percebera o celular vibrar em cima do criado-mudo ao lado da cama. Levantou, sentou na cama ainda com os olhos semiabertos, e lia uma mensagem que recebera do cavalheiro da noite anterior, convidando-a para um jantar. De momento ela não respondeu, voltou a dormir e deixou para responder no dia seguinte, quando estivesse realmente lúcida.
Na manhã seguinte, segunda-feira, um turbilhão de coisas para fazer no escritório, na hora do café achou um tempinho para responder a mensagem da madrugada. Então marcaram para quarta-feira. Ela ficara ansiosa, não queria contar à filha, achava ainda muito cedo para falar deste assunto com a criança ainda de luto pela perda do pai.
A quarta-feira chegou, com certo peso na consciência Joana pediu se Leonor poderia ficar durante a noite com Clarice, a amiga aceitou e então ficou tudo certo. Joana faltou a aula da faculdade para sair com o distinto homem, mas já saia que provavelmente o horário ultrapassaria às 23 horas que é quando as aulas terminam. E assim foi, Leonardo, deixara Joana em casa passando das duas da madrugada, Clarice já havia adormecido, tinha aula no dia seguinte logo cedo. Leonor adormeceu lendo um livro no sofá da sala.
Joana acordou Leonor, agradeceu pela mão e disse pra ir dormir no quarto de visitas, pois ali no sofá acabaria com a sua coluna, e ela o fez.
Quinta-feira, as 3 sentaram-se a mesa para tomar café, Clarice foi alimentar os coelhos, em seguida pegou a mochila e foi para a aula. Em seguida Leonor partiu também, e Joana estava acabada, cansada, com sono, mas mesmo assim foi ao escritório, não queria dar bandeira e demonstrar qualquer coisa de sua vida íntima aos colegas e chefia, afinal estava viúva a tão pouco tempo e queria respeitar este período ao menos diante dos olhos dos outros, sabe como é, as pessoas observam, julgam, se metem, avaliam e isso não é legal, toda pessoa deve ter o direito às suas escolhas, e rumar o caminho que considerar correto e bom para si.
O restante da semana seguiu normalmente, nada de extraordinário, trabalho, família, nada de mais.
O final de semana se aproximando e Leonardo convidou Joana para um passeio,desta vez diferente, um passeio diurno, em meio a mata, sentindo o cheiro da terra, o canto dos pássaros, sentir o que há de mais vivo, a natureza. Fora um domingo divertido, ao final da tarde ele a deixara nas proximidades de casa.
Ao adentrar em casa a pequena Clarice questionou a mãe sobre seu passeio, Joana não hesitou e falou a verdade à garota, disse que havia conhecido um homem, e que este havia convidado-a para um passeio, a pequena não falou mais nada a respeito, e a noite de domingo deu-se por encerrada.
Inicia-se a semana, e ao que tudo prece será monótona e não diferente das demais. Inclusive passou rápida demais.
Era já final de novembro, as pessoas se preparavam para o natal, ornamentavam suas casas com piscas e papais-noéis, os trabalhadores da prefeitura ornamentavam a cidade, iniciando pela pequena praça. Era um clima agradável, todos gostavam desta data comemorativa, em boa parte, a a população era católica.
Joana ao chegar o final de semana contara com a ajuda da pequena Clarice e então montaram a árvore de natal e colocaram alguns piscas coloridos na frente da casa.
Furtivamente ao entardecer d domingo, Leonardo estacionara o carro bem em frente à casa de Joana, fora uma surpresa par ela e a garota. Apresentou-se a Clarice, Joana o convidou para entrar, não ficou muito tempo, tinha afazeres na chácara, onde vivia. A visita não passara de uma hora.
Assim que Leonardo saiu, Clarice pergunto à mãe se estavam namorando, Joana respondeu que não, que era um amigo, mas que estavam saindo juntos e se conhecendo. Explicou à filha que o pai, falecido jamais deixará de ser seu pai, mas que a vida continua, e que a mãe é jovem e não pretende guardar luto para sempre. Até porque disse ela, que luto a gente guarda no coração.
Mais uma semana começava, os dias estavam mais quentes e mais longos, ah, maldito horário de verão, calor, moscas, mosquitos, mas a gente não tem o poder de mudar nada não é mesmo? Disse Joana para ela mesma.
Durante os próximos dias não houve nada de anormal ou diferente, Joana ia ao trabalho, algumas noites tinha aula de administração, Clarice ia à escola pelas manhãs. Joana e Clarice visitavam a tia Margô. De vez em quando Leonor as visitava, e assim os dias foram passando até que o natal chegasse. Joana pertencia ao candomblé, a mesma religião do falecido, logo, não tinha compromisso ou vontade de ir a um destes cultos evangélicos ou missas católicas homenageando e falando a respeito do natal. Ornamentava a árvore pelo simples fato de agradar a filha, que gostava muito desta época do ano.
A data comemorativa mais imponente do calendário passara e em uma semana o ano novo seria comemorado.
Joana e Clarice estavam em férias, então podiam curtir juntas algumas coisas como ver alguns filmes, algumas leituras, passear, tomar sorvete, brincar com os coelhos.
Ao finalzinho de dezembro, exatamente no dia 31, Leonardo aparecer na casa de Joana e as convidara para passarem a virada do ano com ele na chácara. Disse à Clarice que lá haviam muitos animais e que ela haveria de gostar, disse que poderiam chamar Leonor caso ela não tivesse com quem passar o ano novo. Elas não tinha muito tempo para pensar e decidir, então optaram por sim. Leonardo as advertiu de que não iriam se arrepender.
Ele as buscou por volta das 17 horas, as duas ajudaram nos preparativos da ceia, Joana havia feito uma torta e a levara. Leonardo preparara a carne, Joana fez a salada de batatas e o arroz, Cortou a cuca e o pão. Leonardo colocou as sidras, cervejas e refrigerantes para gelar.
Clarice ajudou a colocar e servir a mesa, estava tudo pronto, eles já degustavam da cerveja enquanto aguardavam a meia noite, enquanto isso Clarice se divertia lá fora com os cães.
Meia noite. Os fogos, Clarice encostou e apertou bem forte as mãos nos ouvidos, os cães correram e se refugiaram no galpão, não durou mais que 5 minutos, mas foram minutos intensos. Ah, finalmente cessou.
Sentaram -se à mesa e jantaram, Clarice logo sentia sono, então Leonardo perguntou se elas não queriam passar o resto da noite ali e na manhã seguinte depois do café da manhã colonial as levara de volta ao lar. Tudo bem disse Clarice, bocejou e acompanhou Leonardo até o quarto de hóspedes.
Leonardo e Joana ficaram na varanda mais um tempo conversando, bebendo e contemplando a noite.
Na manhã seguinte, como o combinado, tomaram o café da manhã e Leonardo as levara à cidade.
Soube-se que daquele momento em diante Leonardo e Joana estavam emaranhados numa relação confusa, mas com paixão. Passados alguns meses, Leonardo mudou-se para a casa de Joana, assumira Clarice como sua filha, e assim seguiu. Todos os dias ele ia para o sítio, tinha seus afazeres por lá, as vezes Clarice ia junto e brincava com os animais.
Com o tempo a relação caíra no cotidiano, depois de alguns meses Joana engravidara, para a alegria de todos. Os meses de gestação passaram muito rápido, nasceu Clara, uma garotinha linda e saudável, pele branquinha, cabelos e olhos negros, parecia uma boneca de porcelana. Logo após o nascimento de Clara a irmã de Joana passara muito mal e seu quadro de saúde se agravara consideravelmente, mas não fora desta vez, ela era forte e continuou resistindo.
Os anos foram se esvaindo e agora Clara tinha 4 anos e Clarice 10. Joana havia concluído a faculdade de administração e iniciara uma especialização, que duraria menos de 2 anos. Leonardo já não era mais como antes, que atravessara a cidade para buscar a esposa as 23:00, e ela vinha então sempre ou sozinha ou com uma colega.
A relação do casal começara a se conturbar devido a uma dívida adquirida com uma senhora. A safra de trigo e a plantação não fora boa naquele ano, Leonardo se endividara e se obrigara a tomar emprestado algum dinheiro com uma senhora, ex vizinha da família. Prometeu pagar em 6 meses com os juros justos.
Mas a situação só piorava, Leonardo não conseguira quitar as dívidas e os meses iam passando e em breve teria que devolver o dinheiro emprestado.
Faltando uma semana para completar os 6 meses cujo tempo fora combinado com a senhora, Leonardo a procurara para tentar renegociar a dívida, explicando sua situação que estava difícil, contudo, a senhora fora categórica alegando que precisava do dinheiro, e que o tempo expiraria em poucos dias e ela queria o dinheiro com o juro combinado.
Leonardo ficara desesperado, começou caminhar na sala da casa da velha, de um lado para o outro, a velha seguia sentada em sua cadeira de balanço. Então disse que voltaria na mesma semana e traria o dinheiro.
Passados os dias combinados, Leonardo retornara à casa da senhora, no entanto, desprovido do dinheiro. Bateu na porta, a velha abriu, ele entrou, se sentou e iniciou todo um discurso de que não havia conseguido o dinheiro e que não sabia o que fazer, que não tinha como devolvê-la o empréstimo. A velha enfurecida, levantou-se da cadeira e começou a xingá-lo, o ofendeu, ele estava de cabeça baixa, apenas ouvindo, quando de repente em um ataque de fúria puxara do bolso um pequeno canivete afiado e cortara a língua da velha, o sangue começou escorrer e tingir o vestido de cor creme florido da idosa, Leonardo desesperou-se e saiu correndo. A velha com a língua não totalmente cortada conseguira ligar para a polícia que chegara em seguida.
Leonardo fora preso. Ele contava com um dinheiro de herança da primeira mulher que falecera há alguns anos atrás, este dinheiro saiu justamente quando Leonardo estava na cadeia. Fazia pouco mais de 2 anos que ele estava preso quando o juiz dera a sentença de parte da herança da falecida mulher.
Como ele estava tendo bom comportamento, passou a sair da prisão de dia para trabalhar e retornava à noite para dormir. A relação com Joana já não era mais a mesma, durante o período em que Leonardo estivera preso ela teve alguns amantes, mas ele não sabia e ainda confiava na esposa, em uma das visitas autorizou Joana a receber o dinheiro da herança e que depositasse na conta dele.
Joana fizera o que lhe fora pedido, no entanto não depositou na conta de Leonardo, depositara em sua própria conta e passara a fazer uso do dinheiro como se fosse seu.
Em um dos dias que Leonardo saíra para trabalhar passara ao banco para verificar sua conta e percebera que a esposa havia sido desonesta, fingiu-se de desentendido, de que nada sabia e foi deixando o tempo passar para ver até onde aquilo ia. Mas, precavido colocara dois amigos de confiança para vigiá-la e relatar-lhe tudo o que se passava com ela. As visitas dela ao presídio seguiam normalmente, inclusive mentiu ao marido sobre o depósito, e ele fingiu acreditar.
Semanas se passaram e os amigos detetives alertavam de que ela estava tendo um caso com um homem desconhecido, que não era da cidade, disseram que viam o homem buscando-a onde fazia já naquele momento o mestrado, contaram que viam o carro dele estacionado em frente a casa dela.
Leonardo já estava enfurecido, e ainda não sabia o que iria fazer, enquanto pensava, a recebia semanalmente na prisão, a tratava como se nada soubesse, e pensava friamente o que faria com aquela situação.
Então em uma noite de sexta-feira Joana voltava sozinha para casa, por volta de 23:30, passara em frente ao hospital, que ficava no caminho de casa, cumprimentara uma enfermeira que estava sentada em frente ao hospital e falava ao celular.
A noite seguiu, e Joana não chegara em casa, Clarice e Clara desesperadas ligaram para a mãe e o celular estava desligado, ligou para a tia, para a amiga, para a colega de Joana e por fim Clarice ligou para a polícia alegando que a mãe chegava sempre entre 23 e 23 e meia em casa, e já passada das 2 da madrugada e ela não dera nenhum sinal de vida.
Na manhã de sábado começaram as buscas, os policiais da cidade eram poucos, então chamaram policias da cidade vizinha. Fizeram uma busca rigorosa, mas estavam tendo dificuldade em encontrar pistas ou a própria desaparecida.
Findou-se o sábado, a vizinha tomara conta das garotas enquanto a mãe estava desaparecida e as consolava par que tivessem fé e esperança, que nada de ruim haveria de ter acontecido.
No domingo de manhã um casal que plantava em uma pequena lavoura, ainda a cidade, em um morro que subia para uma casa bem ao alto, fora ver sua plantação de milho como de costume e sentiram um cheiro de carniça, corvos voando por ali, então ligaram para a polícia que viera imediatamente e ali no matagal encontraram o corpo de Joana já começando a se decompor . Em cidadezinhas as histórias se espalham rapidamente e o local logo enchera de curiosos.
O corpo da mulher estava mutilado, a cabeça havia sido cortada, havia muitas marcas de faca por todo o corpo, seus olhos verdes escuros estavam arregalados com semblante de espanto.
O corpo fora encaminhado pra o IML, em seguida a cerimônia funerária.
Leonardo fora o primeiro e único suspeito, mas não havia nada que o incriminasse verdadeiramente pois estava preso, no entanto, era do conhecimento da polícia que ele tinha comparsas que o fizeram por ele.
As meninas foram recolhidas por um orfanato até que atingissem a maioridade, os coelhos foram doados, a casa fora fechada e o caso se encerra assim, sem um desfecho justo.

A morte vem para aqueles que não a temem. Quem não sabe com quem está lidando corre o risco todos os dias de encontrá-la, a mulher vivera e dormira incontáveis dias com o inimigo, seu futuro assassino. A vida é mesmo assombrosa. E há quem diga que cada um tem o que merece, que cada um colhe o que plantou, e Joana, definitivamente não fizera uma boa plantação e sua colheira a arruinara.

sábado, 8 de outubro de 2016

O comprador de almas

A casa era demasiadamente grande, espaçosa, comportava muitas almas, no entanto, a jovem vivia só. Compartilhava o espaço apenas consigo própria, um dia, uma colega de trabalho a despertara para a divisão espacial e a jovem fora para o lar pensando no que havia lhe sido dito.
Na semana seguinte colocara um anúncio divulgando quartos para locação individual. Passados alguns dias, apareceu o primeiro possível futuro inquilino, um jovem com dons culinários aguçados, a moça posteriormente a entrevista locou um dos quartos para o jovem cozinheiro. A convivência parecia agradável, cozinhavam juntos e desfrutavam harmonicamente do mesmo espaço. Passado mais um tempo surgiu um novo hóspede, misterioso, de poucas palavras, mas educado. Este fora o segundo inquilino da velha e grande casa.
Depois de um período, os três convivendo e habitando o mesmo espaço, em uma noite, a moça encontrava-se ainda no trabalho quando recebera um misterioso telefonema, alegando que um dos moradores da casa havia sido encontrado morto enquanto preparava o jantar. Deslocou-se para o lar o mais rápido que pôde. Chegando lá, encontrou o cozinheiro ao chão e, enigmaticamente desprovido de vida.
O cadáver fora removido ao IML, e a vida seguia. Nada mais se soube a respeito do morto. O segundo morador havia desaparecido. Pensara a moça, que talvez tivesse ocorrido um assalto, onde um dos moradores fora brutalmente agredido e morto, o outro, poderia estar fora de casa e, permanecendo distante, não saberia do ocorrido.
Alguns dias depois o misterioso morador aparecera à casa, fora surpreendido pela moça arrumando suas malas e alegou que partiria em seguida, a jovem insistiu em saber o repentino motivo da viagem, ele irritado a arremessou para longe, caída sob um canto da casa, e machucada a jovem retornou a questionar o porquê de sua agressividade, foi quando o homem lançou-lhe um feitiço, o qual a jovem de apenas 20 anos, envelheceria 10 anos a cada dia que se passasse, e partira.
Desmaiada e sem forças, a jovem, já não tão jovem assim, acordara na manhã seguinte e para sua terrível surpresa, quando olhara para o espelho não reconhecia a si própria. Havia já, envelhecido 10 anos. Desesperada, saíra do banheiro em direção a sala, foi quando encontrou um homem até então nunca visto por ela em parte alguma da cidade, dizendo que procurava por um bruxo satânico. Inicialmente, atormentada pelos acontecimentos, a moça chamou a polícia que não demorou muito a aparecer.
O homem se escondera no sótão da velha casa, sendo assim, pareceu que a moça teve uma crise e criara uma situação confusa e inexistente em sua mente, os policiais revistaram a casa, não encontrando nada, foram embora. A jovem ficara desamparada e solitária na velha casa. Adormecera ao chão gélido do banheiro. Dormiu por horas, ao amanhecer, dolorida e com frio procurara a cama, repousou por horas, quando despertou, um homem vestido com peles de animais a alertara do perigo, disse que o homem que ali abrigara-se por alguns dias era um perigoso bruxo em busca de pergaminhos que unidos, despertariam o demônio, e que, quando todos os textos, estivessem unidos, satanás dominaria a terra, trazendo escuridão e dor a todos.
Parecia-lhe um terrível pesadelo, mas passados alguns minutos percebia que era tão real quanto o frio que a gelava a espinha.
As horas passavam rapidamente, seu tempo era limitado, tinha ela, duas saídas, morrer ou correr contra o tempo e encontrar o bruxo e desfazer o feitiço mortal contra si.
Escolhera a segunda opção e acompanhara o homem em busca do bruxo satânico.
Saíram da casa e foram em busca do malfeitor, no caminho encontraram corujas queimando, pássaros gigantes, unicórnios famintos por sangue, cães assassinos, derrotaram todos e seguiram. Rumo a cidade vizinha, encontraram uma ponte sob um grande rio caída, voaram até o fim da ponte e seguiram. Mais adiante uma alcateia os afrontara, mas conseguiram escapar dos lobos sanguinários e a jornada continuava.
Adormeceram e, em um piscar de olhos era dia, o sol iluminava sua face ainda mais velha, o terror invadia sua mente, morreria em poucos dias caso não encontrasse o bruxo que lançara em si o feitiço do tempo.
Os ponteiros do relógio pareciam estar acelerados e o pânico invadia-a.
Horas de viagem e, encontraram um antigo cemitério celta, desceram do carro, caminharam por todo o espaço mórbido e lá estava o bruxo, abrindo uma sepultura e lendo o terceiro e último pergaminho, quando percebera que havia sido encontrado, voou alto e deixou o pergaminho junto do cadáver. A moça leu o que estava escrito no velho documento e com isso tirara o poder de voar do bruxo, caindo ele sob o sepulcro.
Desmaiado e sem forças, a jovem lançara sob o bruxo fogo e ele queimara ali até transformar-se em pó. Horas depois, sua juventude fora devolvida, e, juntamente com o bruxo, os pergaminhos queimavam e o bem prevalecia na terra.