domingo, 29 de abril de 2012

Inverno de 1815

Inverno de 1815, Edward se encontrava entediado, em frente à janela, o jardim pálido, as flores murchas, a neve aos poucos devastava aquele espaço que outrora fora um espaço vivaz.
As pessoas passeavam agasalhadas, o frio cortava-lhes as faces. A chuva começava cair languidamente.
Edward, não se sentia vivo, sua vontade era tão quanto aquele jardim mórbido, cujo qual se perdia em seus devaneios.
Resolveu ir até a padaria mais próxima buscar cigarros, a comida de gatos também acabara o pobre animal sentia fome.
Enquanto caminhava chutava algumas pedrinhas que encontrava no caminho, e refletia, sempre refletindo, pensava ele próprio a seu estado.
Ao chegar em casa, abriu um vinho, enquanto bebia, o telefone tocaram era Alfred, um dos poucos amigos que possuía, queria saber como estava, e se podia fazer-lhe uma visita.
Edward ficara surpreso, não estava habituado a ser procurado por ninguém, disse ao amigo que viesse.
Ao chegar a casa de Edward, o amigo se surpreende, ora, sempre o fora tão organizado e perspicaz, agora se encontrara em verdadeiro caos doméstico, roupas sujas pelo chão, cinzeiros transbordando restos de cigarros, o gato Sócrates magrelo, devido a desatenção do dono, Alfred não reconhecia mais o amigo que passara um longo período sem ver.
Simples, alegava Edward, tudo perdera a graça, não tinha mais motivos por manter nada em seu lugar, a vida já se encontrava fora do eixo, deslocada, e a casa adquirira personalidade e vontades próprias, e quisera se aparecer com o dono.
Sócrates que continuava intacto em suas manias, viva por sua vez fora do eixo também por não partilhar o modo como o lar e Edward se encontravam. Mas ele, praticamente sobrava naquele ambiente hostil e triste, o gato ainda vivia.
Eles beberam do vinho e fumaram o maço de cigarros, conversaram um pouco, na verdade Alfred conversou, Edward se mantiver apático durante a estada do amigo ali no recinto privativo.
Constantes eram as tentativas de Alfred animar o velho amigo, porém, todas em vão.
Desanimado e desistindo de tentar comunicar-se com Edward, ele pega seu chapéu, despede-se e vai embora.
O dia finalmente se foi, pensara Edward, já alterado devido às taças de vinho que tomara, deitou-se no sofá e adormeceu. A noite era longa, os sonhos adentraram sua mente, perturbando-o, como de costume. Fez-se a manhã, o café quente na varanda, o sol matinal que o aquecia, e de certa forma trazia um conforto, as torradas com manteiga, Sócrates se esfregando em suas pernas, enchendo-o de pêlos. Tudo como o habitual.
Mas Edward, estava cansado daquilo que chamava de vida, e pensava seriamente em acabar com tudo, sim, ele dizia a si mesmo “eu sou um suicida, o que me falta para dar fim a isso?” Coragem, pensava ele.
“Sim, meu caro, é disso que você precisa, pra acabar com esta paranóia sem sentido”. Edward falava para si, ele não era de manter amizades, acostumado a viver, apenas na companhia de Sócrates, e de seus pensamentos insanos.
Anoitecia e amanhecia...
Certa noite, Edward, fumara um cigarro, quando teve sua última tragada, pegou Sócrates em seu colo, o acomodou bem contra o peito, e jogou o resto mortal daquele, que sempre o acompanhara. Uma labareda de fogo se formou, incendiando a velha casa.
Edward, na companhia de Sócrates caminhava lentamente para o nada.





O açougueiro de Monteville

O homem chegara a cidade por volta da meia tarde, sentou num banco, acendeu um cigarro, aguardou um instante, os transeuntes caminhavam alguns mais apressadamente que outros. Algumas moças riam enquanto tomavam sorvete, senhoras sentadas nos bancos próximos alimentavam os pombos, outros passeavam com seus cães.
Seguindo a multidão Henri seguia a seu destino, onde Harry o esperava ansioso.
Harry era o misterioso açougueiro de Monteville, uma pequena cidade ao sul da França, chegara lá a pouco menos de um ano, ainda ninguém o conhecera, devido ao seu ar hermético. Esperava o visitante com um refinado jantar, e uma boa bebida. A tempos Harry não se sentia tão vivaz, sua vida era sem grandes acontecimentos, trabalhava o dia todo cortando carne, e fora isso, ficava em casa, sempre sentado em sua poltrona a esquerda da grande sala vazia, e próxima à janela, que é de onde Harry apreciava a noite e o brilho opaco das estrelas, e assim passavam dias e noites.
Bateu a porta, Harry tirou seu avental sujo, penteou os cabelos, viu-se no espelho, sentia-se pálido e envelhecido, queria causar boa impressão ao amigo vindo de longe, cujo qual desde que mudara para Monteville não via mais. Quando Harry abriu a porta e deu de cara com Henri, surpresa fora tanta, que perdeu a fala, estava perplexo com a mudança do amigo, e ao mesmo tempo não acreditava ter em sua frente a presença do velho companheiro.
Entraram, Henri contou-lhes da viagem, do longo percurso que percorrera, das horas que passara a observar os moradores de Monteville. Enquanto isso Harry arrumava uma bebida, estava frio, fez fogo na velha lareira, beberam, conversaram, depois foram jantar, e ao mesmo tempo que faziam a refeição, Harry perguntou a Henri sobre o que andava escrevendo, e também falou como tinha sido este ano na cidade, contara de suas dificuldades, da curiosidade que despertava no moradores, assim as horas passaram, até que amanheceu o dia e eles continuavam ali intactos. Depois de tomarem o café da manhã, saíram passear pela cidade e tomar um sol, fazia frio. Em seguida foram até o açougue, onde Henri se deparara com a realidade em que o amigo se encontrava, animais mortos, e naquela manhã acompanhou o trabalho árduo e indecente do amigo. E os negócios para Harry não iam bem, visto que cada vez mais aumentavam suas dificuldades em viver naquele lugar, que até aquele momento para ele era inóspito, as pessoas sentiam medo de Harry, acreditava o amigo que não frequentavam seu açougue por este motivo.
Durante o almoço, Henri teve uma idéia, a qual compartilhou com Harry, ele simulara uma nova vida ao amigo, dali para diante aconteceria algo que se o amigo aderisse, sua vida poderia estar ajeitada, e finalmente sair daquela vida de miséria. Henri, com sua imaginação fértil e tentadora, sugeriu ao amigo que começasse apresentar novos produtos aos cidadãos montevillenses, Harry, espantado, perguntou como poderia, se a vida toda só conhecia a respeito da morte e seus cortes. Então, Henri foi claro e objetivo alertando que não deixaria de fazer o que faz sentido para ele, que não seria nada difícil, considerando que o açougueiro fosse um sujeito interessante, de olhos azuis, barba por fazer e cabelos desgrenhados, sem contar o ar misterioso, e sua elegância. Harry, mais espantado ficava, a medida que Henri ia descrevendo-o, e tentando assimilar o que uma coisa tinha a ver com outra.
A conversa perdurou o decorrer do dia. Durante a noite, quando se encontravam num café da cidade, o amigo o revelou o que pensara. E a apartir deste momento, as coisas iriam tomar um novo rumo.
Na manhã seguinte Harry tratara com mais atenção de sua aparência, fora a barbearia, comprara roupas novas, adquiriu um novo ar, era um novo homem, nem mesmo Harry acreditava na transformação do amigo.
Passaram a sair mais pelas noites de Monteville, as pessoas olhavam estranhamente para a nova aparência do açougueiro misterioso, ele despertara a atenção dos moradores. Harry se tornara da noite para o dia a ser agradável e sociável, mudando assim seus relacionamentos até então inexistentes com os habitantes da pequena Monteville.
As coisas mudavam, eram noitadas de bebedeiras e jogos. Em pouco tempo, desde a chegada de Henri, a casa do Harry passara a ser freqüentada, oferecia banquetes a seus convidados. Tudo ocorria muito bem, e o plano de Henri começava a se concretizar.
Num destes jantares, Harry seduzira sua primeira vítima, um cidadão respeitável, de méritos, depois do jantar, e de terem bebido muito, Harry tinha sua obra prima, tranformara o homem em fragmentos, que naquela mesma madrugada, o temperara delicadamente, e, no dia seguinte oferecia a seus clientes.
E assim foi, era uma vítima por noite, e o açougue começou a lhe render uma pequena fortuna, a carne era forte, saborosa, e cada vez aumentava mais a procura por sua nova mercadoria. Quando os clientes lhe comentavam da mudança brusca em Harry e no que oferecia em seu açougue, Harry, dizia que havia se especializado, e buscado algo primoroso, tão quanto uma obra de Mozart.
Na medida que seu negócio aumentava, moradores se mudavam, iam embora de Monteville, sem deixar rastros. E Harry sempre a oferecer jantares em sua casa.
Ninguém desconfiara de nada, Harry, com a ajuda do amigo, depois de ofertar um belo jantar a homens de Monteville, os transformava em alimento depois. Era sempre o mesmo ritual, bebiam, jantavam, tornavam a beber e depois a carnificina. Ele usava seu machado afiado, e decepava a cabeça de suas vítimas, e o sangue percorria pelo assoalho velho de madeira, penetrava pelas frestas, depois disso, com toda delicadeza, Harry cortava a carne, temperava de modo que a tornasse especial e atrativa, embalava e as vendia aos cidadãos Montevillenses.
O sabor agradava a todos, Harry quase não dava conta, o interesse era tanto, que quase não podia suprir os desejos de seus clientes.
Pouco a pouco, a população masculina sumia de Monteville, e um mistério assombrava a pequena cidade. Percebendo isso, Henri e Harry, da mesma forma que os outros homens daquele local, sumiram, de forma semelhante aos outros, porém com um final diferente. Seguiram dali, já possuíam uma grande quantia em dinheiro, e recomeçaram tudo em outro lugar, onde diferente de Monteville, foram bem recepcionados pela população. E tudo seguia como antes.










João e Maria Dark Side

Era madrugada do mês de abril de 1924, fazia muito frio. A grama congelada, os animais recolhidos para se protegerem. Neste exato momento Anna começara sentir as dores do parto, caminhava pela casa, fez um chá quente, acalmou-se. Mas um tempo depois a dor voltava e parecia não cessar. Então percebera que devia chamar a parteira, para que viesse lhe auxiliar no nascimento de seu primeiro filho. Havia neve na calçada, os campos eram brancos, o frio intenso, mas não tinha outra saída senão chamá-la, a criança dava sinal de que nasceria em breve. Anna foi até lá, não tinha a quem pedir que o fosse, então vagarosamente atravessou a nevasca, enfrentou o gelo, e seguiu até o rumo desejado.
Chegando a casa de Matilde, assim se chamava a parteira, Anna bateu e com um alívio, conseguira sorrir, nem ela acreditava que chegaria lá. Dulce ao ouvir aquela batida ofegante, sentira que alguém estava precisando dela naquele momento, levantou rapidamente, agasalhou-se, prendeu o cabelo e foi em direção à porta.
Abriu-a, era Anna, estava assustada e feliz, ansiosa e aliviada. Matilde convidou-a para entrar, fazia um frio imenso na rua, ela entrou, assim que adentrou a casa de Matilde, Anna começava sentir dores fortes, seu filho, um pouco prematuro, estava chegando.Sem passar muito tempo, Matilde foi preparando o necessário para o parto. As crianças chegaram, primeiro veio o menino, quando Matilde pegou em suas mãos o pequeno, e entregou-o a mãe, Anna e Matilde se surpreenderam, não sabiam que ali havia mais uma criança. Sim, depois do garoto, fora tirado do corpo sangrento de Anna uma linda menina, de olhos escuros e pele clara. Tivera por sua surpresa gêmeos.
Os anos passaram, e as crianças estavam crescidas, nunca se desgrudavam, tinham uma ligação absurda, a mãe saia todos os dias pra trabalhar, e eles ficavam só em casa. Ainda sem o compromisso da escola, aos 4 anos de idade, Maria e João eram muito criativos, brincavam, inventavam o que fazer com o tempo que tinham enquanto a mãe se mantinha fora de casa. A imagem materna lhes era tudo o que tinham, quanto ao pai a mãe nunca falara dele, era como se fosse um fantasma, crescendo eles então sem a imagem paterna. Os demais parentes, vivam longe, a mãe isolava-se num mundo afastado dos familiares e das demais pessoas. Anna tinha problemas em manter relações próximas, e preferia educar seus filhos assim. As crianças nada achavam de estranho, era o que lhes era oferecido desde o principio, não fazia falta a presença de outros seres, sem contar que vivam cercados de animais, tinham uma vida saudável, ligados à natureza, e assim se davam por satisfeitos.
Passou mais um tempo, e Maria e João tiveram de começar ir à escola, de início, era algo novo, muito diferente do que viveram até então. Mas com o passar dos dias, meses, a professora percebia uma diferença nas crianças. Elas eram herméticas, e não se interessavam em fazer amizade com os colegas, apenas os dois mantinham um contato íntimo e amigável. Numa dessas reuniões de pais, a professora comentou com a mãe, este fato, e a questionou a respeito, Anna apenas tinha a dizer que eles além de gêmeos, eram muito ligados desde que nasceram foi desta maneira, e que talvez realmente sentissem dificuldade em se relacionar, pois cresceram sozinhos numa espécie de mundo mágico inventado por eles. Mas enfatizava que eram normais, e que nunca tivera problemas com as crianças.
O ano terminou, as crianças permaneceram na escola, mas daquele jeito que iniciaram, somente os dois em um canto isolados da turma. Mas deu certo, do jeito deles.E assim seguiu até a adolescência, nada havia mudado, era como se os anos tivessem tão congelados quanto o clima em que viveram suas ternas e doces infâncias que o tempo lhes tirara como um sopro no vácuo.
Quando Maria e João estavam entrando no ensino médio, novos ventos sopravam aquelas vidas pacatas e harmoniosas, começando discórdia entre eles, pelo motivo de que Maria com uma beleza e personalidade singulares, atraia em muito os meninos da escola. Ela chamava atenção por ser enigmática, era quieta, já sociabilizada, mas de poucas palavras, muito observadora e curiosa. Isso despertou o interesse dos garotos, e o ódio de João, que sentia perder sua irmã, como num piscar de olhos, mas ele não desgrudava dela um segundo sequer.
O medo de perder Maria se tornou obsessivo, chegando fazer com que João perdesse noites de sono pensando em como seriam os dias seguintes e o futuro.A mãe pouco participava da vida dos filhos, deu-lhes boa educação, afeto, nada lhes faltavam, mas deixava os livres em suas escolhas e no modo como viam e percebiam o mundo. Talvez um jeito errôneo em libertar os filhos, mal sabia ela o que criara em sua casa.
Um dia num súbito descontrolado, João agride um colega, por demonstrar interesse exarcebado por Maria. Sua mente insana não o deixava pensar com clareza e já não discernia nada, perdido em seus pensamentos loucos e vagos, um dia João o mata num acesso de raiva incontida.
É ai que tudo mudou, e a mãe continuava indiferente aos fatos relevantes. João já com 18 anos fora encarcerado. E um enigma aflorava a população das redondezas, foi um crime chocante e inexplicável, mas João mantinha-se calado frente ao juiz, e até mesmo ao advogado defensor de seu caso. Maria começava se afastar, ela sabia o que acontecia, mas também calara-se. Jamais complicaria a situação de João. A mãe sem interferir visitava o filho, lavava a ele comida e roupas limpas, mas sem questionamentos, nem muitas palavras.
Os dias passavam, o frio da sela, a falta de sol, de Maria, deixava João desolado e perdido. Teve ele muitas chances de explicar seu crime, mas nunca o fez, redimia-se a falar sobre o assunto, deixando o mistério mais tenso. Nem mesmo o advogado podia fazer algo por ele, não se abrira nem mesmo com seu defensor, a situação dificultava, e o caso não se resolvia.
Passaram meses, e tudo se manteve como o princípio, a prisão, a visita da mãe, os inúmeros interrogatórios e o afastamento de Maria, que recusava visita-lo, o que o deixava cada vez pior. Uma manhã, o advogado chegou a sela de João e o disse que não teria mais tempo para mudar seu destino, que todas as chances já lhe tinham sido dadas e que ele não soubera aproveita-las, e aquilo chegava ao fim.
Fora dada a sentença. João seria julgado e condenado à morte. Nada mais poderia ser feito, já que ele estava certo de que não falaria o que o levou a tal crime. Chegando o dia de seu julgamento, sua mãe como de costume o visitara na prisão, e pela primeira vez, conversou com João sobre o acontecido, e questionou-o sobre, mas ele parecia tranqüilo e decidido em sua vontade. A mãe, aflita com a decisão do filho, pediu a Maria que conversasse com o irmão, ela recusava, mas com insistência da mãe o fez. No dia seguinte Maria logo que o dia amanhecia fora ao cárcere, na tentativa de fazer com que João mudasse de idéia, confessando o motivo do crime, que por mais que chocasse o juiz e o público, ao menos seria a verdade, a raiz de todo o problema. João ficou surpreso e bastante entusiasmado com a visita da irmã, porém irredutível ao que já havia tomado por decidido. Maria ficou muito frustrada e só neste momento se deu conta da gravidade do caso. Retirou-se, dando um prazo de 24 horas, para que João refletisse e pudesse talvez mudar de idéia, retornou ao lar, aliviada e cheia de esperança, conversou com a mãe, e a deixara tranqüila momentaneamente.
A noite passou, fez-se o dia, Maria voltou até o cárcere, encontrou João com um ar sarcástico e irredutível. Estavam a uma semana do julgamento, e João parecia bem frente a sua situação. Os dias foram passando calmamente, a angústia tomava conta de mãe e filha, que sem saber mais o que fazer, rezavam e pediam a Deus que iluminasse os pensamentos de João e o salvasse.
Chegou o dia, o julgamento começara, o público presente, estava cheio o local, Maria e sua mãe, estavam temerosas, mas nada mais podiam fazer, tudo se encontrava nas mãos de João, elas rezaram muito na última semana, e por conta disso tinham esperança de que tudo mudasse naquela manhã e que o destino de João fosse mudado, sendo ele salvo do inferno.
Começou o julgamento, exatamente 9 horas da manhã, as perguntas do juiz, o silêncio de João, a defesa do advogado, uma nova tentativa de arrancar-lhe a verdade, e sendo assim desvendado o crime, mas em vão, as perguntas do público que assistiam muito sérios e atentos ao julgamento. O pedido da mãe, que interferiu implorando que o filho falasse logo a verdade para que todo aquele pesadelo acabasse. Maria desesperada, também falou, João continuava calado, dizendo que se estava condenado, então devia pagar pelo que cometeu.
Fora dada a última sentença, sendo ele condenado a morte por enforcamento em praça pública, as 9 horas da manhã seguinte. Aquele dia para João, Maria e Anna fora infindável. As horas não passavam, só aumentando a agonia de todos. Até que enfim escureceu, as pessoas do vilarejo se recolheram, ninguém parecia acreditar na atitude inexplicável de João. Maria e sua mãe, tentavam dormir, porém não conseguiram, estavam perturbadas demais para consegui-lo.
O dia clareou, o relógio da torre marcava 7 horas, ainda haviam outras duas até o enforcamento.
Friamente Maria e sua mãe tomavam uma xícara de café, arrumaram-se e foram rumo a praça. Anna não acreditara naquilo tudo, chegando a passar mal, e tendo que ser levada ao hospital, Não tendo quem a levasse Maria acompanhou a mãe, que estava desacordada, até que fosse atendida e medicada, passavam das 9. Chegando á praça, o enforcamento de João já tivera acontecido, levando mãe e filha ao desespero. Maria largou e mãe e correu até a torre da cidade se jogando de lá, sentindo-se impotente e culpada pela morte do irmão.