quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

A mulher de branco do relógio

 

A mulher de branco do relógio da cozinha



Havia um relógio antigo na parede da cozinha, era enorme, de madeira, muito antigo. Desde que a casa fora construída ele havia sido colocado ali, milimetricamente escolhido por Dona Anna, a proprietária da casa, naquele espaço, naquele cantinho da cozinha.

Muitos anos se passaram, o único filho do casal tornou-se adulto e foi embora, ficando então apenas o casal, envelhecendo cada vez mais, e a casa, naturalmente também sofria o mesmo processo e degradação.

Durante uma vida, ali na casa, aquele relógio nunca mudara de lugar, encontrava-se perto da porta que dá acesso aos demais cômodos, era como que um portal.

Nestas décadas que iam passando muito da mobília ia sendo substituída quando necessário, todavia o relógio nunca teve em si um arranhão se quer.

Dona Anna já passando dos seus bem vividos 80 anos, começava a apresentar sinais de esgotamento mental, lentamente sua memória iniciava um processo de adormecimento, seu neto que vivia muito distante pouco vinha ver os avós, mas quando a avó deu uma explícita piorada, ele compareceu imediatamente. O jovem tinha uma espécie de mediunidade, era espiritualmente evoluído, via coisas que outros nem imaginavam que existia, muito menos habitando seus lares, lugar de sossego e paz.

Logo no primeiro dia na casa dos avós, ele sentira algo muito estranho, pesado, ainda não sabia o que era, mas sabia que algo não ia bem. Na véspera do aniversário de seu avô algumas pessoas estavam presentes, reuniam-se na cozinha da casa para comemorar o aniversário do avô, o jovem neto olhou para o relógio e viu uma mulher esguia e pálida, com trajes brancos, intacta, apenas ali, não se movia, aliás, movia os olhos, apenas eles, não poderia se saber o porquê de estar ali, e então foi a primeira vez que ele a vira.

Ela acompanhava cada movimento das pessoas que estavam ali, sim, parece um clichê, de filme sobrenatural, ou de terror, aqueles que arrepiam as espinhas, mas não era, e creio não ter sido a imaginação do rapaz, ele já tivera experiências semelhantes anteriormente. Todavia, ele não sabia decifrar o enigma, se era uma boa ou má alma, e o motivo de estar ali.

Ele fora convidado para passar a noite lá, mas ao chegar no quarto onde dormiria, deu de cara com um ser nada agradável, outro fantasma, deitado na cama, tinha olhos vermelhos e profundos, retirou-se dali.

Alguns dias depois, na cozinha da casa dos avós, a mulher do relógio não estava mais lá.



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