segunda-feira, 29 de maio de 2017

Entre o real e o imaginário

Amanhecera, ela sem saber como se encontrava despida ao chão gelado. Lá fora contavam temperaturas abaixo de zero graus. Levantou, sentiu-se tonta e tentou chegar até o banheiro, sentou-se no vaso e lá permaneceu com a cabeça baixa, refletia a vida ali mesmo, sem roupas, uma dor de cabeça estonteante. Depois de um bom tempo tomara uma ducha quente e saíra dali, vestira um roupão, fizera um chá e, sentara-se em frente ao televisor, procurou algo para ver, nada de interessante, desligou-o e fora rumo à cama. Lá não conseguira permanecer por mais de 10 minutos, se virara de um lado para o outro, era como se houvesse pregos na cama, os empurrando dali rumo ao chão.
A lucidez inexistia, levantara e caminhara pela casa, de um lado a outro, lá fora chovia, o cinza se fazia presente na paisagem urbana. Do lado de fora, pela janela dos fundos, podia-se ver o vento dançando, o vento assoviando.
Deitou-se no sofá e adormecera, ali, com frio e um certo vazio tomando conta do espaço por ela ocupado, sonhara que estava em um penhasco, no momento em que rolaria para baixo acordara assustada, e percebera que tinha sido apenas um sonho. Não demorou muito para que caísse em sono profundo.
O mundo fantasioso e lírico tomara conta de sua mente novamente, o sonho, desta vez mais agressivo que o anterior, dormia ao chão, ao lado dela, se encontravam diversas facas, de vários tamanhos, cores e navalhas, umas mais cortantes, outras que não ofereciam muito perigo, as facas miravam em sua direção como se tivessem vivas, começou rastejar pelo assoalho, elas vinham em sua direção como se ela fosse o alvo único e perfeito, de repente as facas começavam a falar, inicialmente ela não compreendia nada.
Minutos depois entendera que as facas desejavam agredi-la, ela não tinha forças para levantar e fugir, parecia uma serpente congelada, se movendo lentamente.
Fora encurralada em uma parede, sem mais ter para onde fugir, uma a uma fora a cortando lentamente, o sangue escorria, e ela não tinha forças nem mesmo para gritar, e com aquele vento lá fora, quem a ouviria?
Elas deslizavam pelo seu corpo, desenhando em cada fragmento dele. Percorriam como se fosse em câmera lenta, a dor era ainda suportável, e isto durou um tempo, tempo suficiente para banha lá em um líquido vermelho e gosmento.
Por fim, as facas maiores e mais afiadas começaram a cortá-la em partes, no final restara o tronco, todos os membros decepados e ao lado a cabeça mentalizando o porquê.
Seu inconsciente respondera que era um desejo oculto, e ela finalmente morrera.

Acordara e percebera que todos os seus membros se encontravam acoplados. Fora um pesadelo dos mais terríveis que tivera. Permanecera em silêncio, ali, deitada ao chão, a campainha tocara....

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