Amanhecera, ela sem
saber como se encontrava despida ao chão gelado. Lá fora contavam
temperaturas abaixo de zero graus. Levantou, sentiu-se tonta e tentou
chegar até o banheiro, sentou-se no vaso e lá permaneceu com a
cabeça baixa, refletia a vida ali mesmo, sem roupas, uma dor de
cabeça estonteante. Depois de um bom tempo tomara uma ducha quente e
saíra dali, vestira um roupão, fizera um chá e, sentara-se em
frente ao televisor, procurou algo para ver, nada de interessante,
desligou-o e fora rumo à cama. Lá não conseguira permanecer por
mais de 10 minutos, se virara de um lado para o outro, era como se
houvesse pregos na cama, os empurrando dali rumo ao chão.
A lucidez inexistia,
levantara e caminhara pela casa, de um lado a outro, lá fora chovia,
o cinza se fazia presente na paisagem urbana. Do lado de fora, pela
janela dos fundos, podia-se ver o vento dançando, o vento
assoviando.
Deitou-se no sofá e
adormecera, ali, com frio e um certo vazio tomando conta do espaço
por ela ocupado, sonhara que estava em um penhasco, no momento em que
rolaria para baixo acordara assustada, e percebera que tinha sido
apenas um sonho. Não demorou muito para que caísse em sono
profundo.
O mundo fantasioso e
lírico tomara conta de sua mente novamente, o sonho, desta vez mais
agressivo que o anterior, dormia ao chão, ao lado dela, se
encontravam diversas facas, de vários tamanhos, cores e navalhas,
umas mais cortantes, outras que não ofereciam muito perigo, as facas
miravam em sua direção como se tivessem vivas, começou rastejar
pelo assoalho, elas vinham em sua direção como se ela fosse o alvo
único e perfeito, de repente as facas começavam a falar,
inicialmente ela não compreendia nada.
Minutos depois
entendera que as facas desejavam agredi-la, ela não tinha forças
para levantar e fugir, parecia uma serpente congelada, se movendo
lentamente.
Fora encurralada em uma
parede, sem mais ter para onde fugir, uma a uma fora a cortando
lentamente, o sangue escorria, e ela não tinha forças nem mesmo
para gritar, e com aquele vento lá fora, quem a ouviria?
Elas deslizavam pelo
seu corpo, desenhando em cada fragmento dele. Percorriam como se
fosse em câmera lenta, a dor era ainda suportável, e isto durou um
tempo, tempo suficiente para banha lá em um líquido vermelho e
gosmento.
Por fim, as facas
maiores e mais afiadas começaram a cortá-la em partes, no final
restara o tronco, todos os membros decepados e ao lado a cabeça
mentalizando o porquê.
Seu inconsciente
respondera que era um desejo oculto, e ela finalmente morrera.
Acordara e percebera
que todos os seus membros se encontravam acoplados. Fora um pesadelo
dos mais terríveis que tivera. Permanecera em silêncio, ali,
deitada ao chão, a campainha tocara....
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