domingo, 10 de maio de 2015

A última tempestade




A tormenta se aproximava, o andarilho apressava o passo. Um pássaro o assombrou na tarde que se transfigurava em noite. Seu grito de pavor o amedrontou e ele se refugiou em um grande túnel. A chuva começava cair violentamente e ele ficara ali estagnado olhando os pingos agressivos despencarem do árido céu.
O passageiro cansado de esperar começara a caminhar sob o céu turvo. Andou muito e encontrou uma cabana em meio ao nada, ao redor dela haviam poucas árvores gigantescas, ali o homem se abrigou, e lá fora a tempestade continuava.
A velha cabana começara a desmanchar-se junto à furiosa tempestade, a forte chuva caía na cabeça do andarilho que saía dali a passos largos. O homem andou mais um pouco e encontrou uma árvore que o abrigou por um tempo curto enquanto a tempestade dava uma trégua, mas logo após a parada a violência celestial vinha do alto para baixo como um abismo insólito. Ele seguia e acreditava que logo encontraria um abrigo temporário até que a tempestade findasse e ele pudesse seguir seu caminho tranquilamente. Depois de um tempo caminhando avistou um sobrado, do lado dele havia um grande lago onde refletiam os trovões e o céu reluzia roxo ofuscando lhes os olhos, do lado do lago havia um cavalo negro, o andarilho montou no cavalo e seguiu rumo à cidade. A tempestade se afastava à medida que o dia amanhecia, o homem chegara em casa e de lá pôde ver pela janela os raios que antes via de perto.
Tomou um banho quente, alimentou-se e adormeceu. Na manhã seguinte saíra logo cedo e caminhara rumo ao local de onde havia encontrado o cavalo, queria levá-lo de volta. Era uma manhã gelada, mal sentia suas mãos, seus pés pareciam estar congelados. Os passos do cavalo rangiam a terra gélida, a neve cobria-lhe as patas e o homem mal conseguia enxergar tamanho era o nevoeiro.
No caminho em meio ao cinza sombrio do nevoeiro encontrara um homem velho que caminhava devagar. Na medida que se aproximava seus passos ficavam mais agressivos, lentamente mais agressivos. Finalmente cruzaram um o caminho do outro, o homem escondia-se por detrás das vestes invernais, seus olhos mal podiam ser vistos, mas o pouco que se pôde ver fora o suficiente para aterrorizar a alma gelada do andarilho naquela fria manhã invernal. O  viajante da nevasca tinha olhar mórbido, horripilante, seus olhos refletiam a morte. O velho transparecia ausência de vida, sua alma fedia e espalhava podridão, cambaleava na neve e o ar era denso. O homem parou o cavalo e perguntou se o velho precisava de ajuda, este o olhou profundamente e respondeu que jazia em vida, e que apenas buscava um lugar para repousar a velha carcaça cansada. Então o homem seguiu, depois de alguns passos olhou sutilmente para trás e o velho sumira no nevoeiro.



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