quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Chá das "cinco"

Era um fim de tarde de uma sexta-feira qualquer, ele caminhava a passos lentos, usava um terno preto, camisa azul escuro e um chapéu também de cor preta. Tinha a face rosada e olhos azuis e um ar misterioso. De repente parou de caminhar e ficou em pé na parada de ônibus, acendeu um cigarro e lentamente o consumia. O ônibus chegou e ele continuava imóvel no mesmo lugar. Ele esperava sua amada que viria de um canto qualquer da grande cidade acinzentada que neste fim de tarde se encontrava um pouco menos cinza que o habitual. O cinza era devido à fumaça poluente das fábricas que por ali estavam instaladas, o fim de tarde era menos cinza porque era sexta-feira e por dois dias as fábricas fechavam. Era menos cinza porque seus trabalhadores paravam e poderiam usufruir dois dias de descanso.
Mais um ciclo semanal se fora. Mas voltando ao nosso protagonista, apesar da cara avermelhada devido ao álcool ainda tinha boa aparência. Reconhecendo-o de alguns poucos anos atrás, podia perceber que tinha um charme peculiar, parecia ter rejuvenescido, porém continuava a se deleitar aos prazeres do álcool. Tinha mulher, filhos e um bom trabalho. Os colegas do departamento diziam que era um bom homem, mas que estava em estado de perdição. Falavam que a bebida em excesso o consumia e não ele a ela.
As pessoas mudam, envelhecem, rejuvenescem, se entregam aos vícios, eliminam- os. Iniciam romances, encerram-os.
Ciclos e ciclos meu caro, eis a catástrofe da vida etérea. O que não podia deixar de notar era o ocorrido no fim da tarde de uma sexta-feira qualquer.




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